O governador Eduardo Riedel (PP) oficializou nesta sexta-feira (12), a saída do PT de sua base governista, exonerando de uma vez cinco chefias ligadas ao partido e enterrando a aliança que durou pouco mais de um ano e meio.
O desembarque dos petistas acontece justamente no momento em que o Governo Lula é acusado de desviar R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas, combustível extra para a polarização que já aquece os bastidores da sucessão presidencial de 2026.
Nesta sexta-feira (12), a Polícia Federal prendeu os empresários Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e Maurício Camisotti, suspeitos de participarem de fraudes envolvendo o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), com anuência do governo do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por conta de um roubo calculado em R$ 6,3 bilhões (fala-se que valor total chega a R$ 90 bilhões), a máfia está sendo investigada por uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) no Congresso Nacional.
Entre os petistas atingidos pela canetada de Riedel estão o subsecretário de Políticas LGBTQIA+, Vagner Campos da Silva; a subsecretária de Igualdade Racial, Vania Lucia Baptista Duarte; a subsecretária de Políticas para Pessoas Idosas, Zirleide Silva Barbosa; além do secretário-executivo da Agricultura Familiar e Povos Originários, Humberto de Mello Pereira, e o diretor-executivo da Agraer, Marcos Roberto Carvalho de Melo.
O clima azedou de vez em agosto, quando Riedel classificou como “excesso judicial” a decisão que colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em prisão domiciliar.
A fala ecoou como música para a direita e como um estopim para o PT, que já cobrava mais fidelidade de Riedel ao presidente Lula e ao deputado Vander Loubet. A partir dali, o divórcio era só questão de tempo.
O governador, em missão pela Ásia, voltou e confirmou pessoalmente aos indicados que a parceria estava encerrada. No mesmo Diário Oficial que trouxe as exonerações, já apareceram os novos nomes — todos sem vínculo com o PT —, deixando claro que não há volta.
O xadrez de 2026
O gesto de Riedel não é apenas administrativo: é político. Ele sabe que o Brasil caminha para mais um embate direto entre Lula e a direita, liderada por Bolsonaro, e que ficar no “meio do caminho” pode ser fatal.
De um lado, um governo acuado por denúncias bilionárias; de outro, um ex-presidente que segue forte em setores do agronegócio e da direita organizada, mesmo após a condenação imposta pelo STF (Supremo Tribunal Federal), arquitetada pelo ministro Alexandre de Moraes, algoz do ex-presidente.
Riedel escolheu seu lado. Ao defenestrar os petistas de seu governo, ele sinaliza que está pronto para jogar pesado na arena nacional e que seu futuro político, mirando 2026, passa longe do projeto petista.