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Política

Após saída do PT, aliados do governo querem peneirada em cargos de confiança

De acordo com interlocutores ouvidos em caráter reservado, mesmo concursados que exercem funções de confiança podem entrar no radar

Conjuntura Online
14/09/25 às 09h05
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Zeca do PT e Riedel marcharão em caminhos opostos em 2026. (Foto: Montatem)

O rompimento entre o governo Eduardo Riedel (PP) e o PT não se limita à exoneração de cinco chefias ligadas à legenda. Agora, aliados do governo estadual defendem uma triagem minuciosa nos cargos comissionados, analisando servidores com tendência política considerada alinhada ao partido do presidente Lula. 

De acordo com interlocutores ouvidos em caráter reservado, mesmo concursados que exercem funções de confiança podem entrar no radar. Redes sociais de funcionários públicos já estão sendo monitoradas como termômetro de fidelidade.

Um governista relatou que, além de manifestações públicas nas redes sociais, alguns servidores em cargos de confiança chegaram a comemorar a condenação de Bolsonaro, fazendo inclusive piadas que envolviam a imagem do próprio governador em grupos de WhatsApp.

Essa postura de rompimento sinaliza que o governo de MS escolheu de vez seu lado no tabuleiro nacional, abrindo espaço para um reposicionamento que mira a sucessão presidencial de 2026.

O afastamento do PT ocorre no momento em que o governo Lula é acusado de ser conivente com um esquema bilionário no INSS, suspeito de desviar R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas — e com estimativas que chegam a R$ 90 bilhões. O caso virou munição de peso na guerra política e fortalece o discurso oposicionista que já aquece as ruas e o Congresso.

O movimento da política sul-mato-grossense também acompanha a postura nacional do PP, partido que ele integra ao lado da senadora Tereza Cristina e do presidente da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), deputado estadual Gerson Claro. 

Em Brasília, a federação União Progressista — formada por PP, comandado nacionalmente por Ciro Nogueira, e União Brasil, presidido por Antônio Rueda — anunciou oficialmente seu rompimento com o governo Lula em 2 de setembro de 2025. A decisão de deixar a base governista fortalece a percepção de que o governador sul-mato-grossense está plenamente alinhado à estratégia nacional do partido, que busca consolidar-se no eleitorado anti-PT com vistas às eleições presidenciais de 2026.

PT fora em meio à tempestade

O desembarque de figuras ligadas ao partido de esquerda de Zeca do PT e Vander Loubet no governo estadual ocorre justamente quando a legenda enfrenta mais uma tempestade de credibilidade. O Ministério Público e a Polícia Federal investigam a máfia do INSS, com empresários já presos e apontados como operadores de fraudes bilionárias. O escândalo fragiliza o governo Lula e alimenta a narrativa de corrupção que perseguiu o partido em crises passadas.

Aliás, Zeca do PT já vinha estocando o goveno do qual era aliado. Em janeiro de 2024, por exemplo, foi às redes sociais criticar o fato de Riedel não ter enviado representante para participar de um movimento nacional do PT e de partidos de esquerda, em Brasília, para lembrar a manifestão de 8 de janeiro, quando os prédios dos Três Poderes foram depredados. 

Em nota, o deputado disse que isso comprovava o descompromisso com a defesa da democracia e que estava a serviço da causa bolsonarista e assumindo posição de extrema direita. 

Um dos alvos da operação é Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, apontado como peça-chave no esquema e que foi preso pela Polícia Federal. Apesar disso, o ministro Alexandre de Moraes autorizou que ele não fosse obrigado a depor na CPMI que investiga as fraudes, decisão que, na leitura de opositores, reforça a blindagem oferecida pelo STF ao governo petista em meio ao escândalo.

Ao mesmo tempo, Jair Bolsonaro (PL) encontra-se em prisão domiciliar e foi condenado a prisão. Para muitos apoiadores, ele é vítima de uma perseguição judicial conduzida pelo STF, sob a batuta do ministro Alexandre de Moraes, sustentada por uma narrativa construída pelo governo, alinhada ao discurso de viés comunista do PT.

Essa leitura mantém viva a polarização e prepara o terreno para uma eleição de 2026 marcada pelo confronto direto entre Lula e Bolsonaro, ou entre seus herdeiros políticos.

Ruptura anunciada

O estopim do divórcio entre Riedel e os petistas foi em agosto, quando o governador classificou como “excesso judicial” a decisão que colocou Bolsonaro em prisão domiciliar. A fala agradou à direita e irritou o PT, que esperava maior fidelidade do aliado em MS. A partir dali, a crise virou ruptura, confirmada oficialmente no Diário Oficial de sexta-feira (12), com a exoneração das chefias indicadas pela legenda.

Quem caiu

Entre os exonerados estão:

Vagner Campos da Silva, subsecretário de Políticas LGBTQIA+;

Vania Lucia Baptista Duarte, subsecretária de Igualdade Racial;

Zirleide Silva Barbosa, subsecretária de Políticas para Pessoas Idosas;

Humberto de Mello Pereira, secretário-executivo da Agricultura Familiar e Povos Originários;

Marcos Roberto Carvalho de Melo, diretor-executivo da Agraer.

A medida deve acirrar ainda mais a disputa política em Mato Grosso do Sul e posicionar o governador como peça importante no tabuleiro nacional, sobretudo ao seu projeto de reeleição em 2026.

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