Conjuntura - o 1º Site Político de MS
O 1º site político de Mato Grosso do Sul | Segunda-feira, 14 de julho de 2025
Política

Câmara diz que Zambelli não deve escapar de multa sobre devolução de imóvel 

Foragida no exterior, deputada licenciada não devolveu imóvel onde vive sua família no prazo previsto

Conjuntura Online
11/07/25 às 07h07
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) (Foto: Cristiano Mariz)

A estratégia dos advogados de Carla Zambelli (PL-SP) de buscar isentá-la de multas e indenizações por não devolver o apartamento funcional da Câmara dos Deputados no prazo limite, que expirou no último dia 4, com base em supostas benfeitorias bancadas pela parlamentar licenciada, esbarra no regramento da própria Casa – e não deverá ter êxito.

A data-limite para a entrega das chaves se deu exatamente 30 dias após o afastamento da parlamentar ser oficializado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), como define um ato de 2011 da Casa.

Desde então, em tese, a deputada do PL estava sujeita a uma multa no valor do auxílio moradia (R$ 4.253) e a uma indenização de R$ 283,53 por dia de ocupação irregular descontados na folha de pagamento.

A defesa de Zambelli, foragida da Justiça no exterior há mais de um mês, vinha negociando junto à Quarta Secretaria da mesa diretora – a quem cabe a administração dos apartamentos funcionais através da Cohab (Coordenação de Habitação da Câmara) – condições para a entrega “amigável” do apartamento na Asa Sul, bairro nobre de Brasília, onde vivem seu filho, João, e sua mãe, Rita.

A isenção das multas seria justificada pela alegação de que ela “realizou melhorias” nas instalações, além do fato do deputado Coronel Tadeu (PL-SP), que assumiu a vaga de Zambelli na Casa e teria preferência para ocupar a unidade, já declarou que pretende ficar hospedado em um hotel em Brasília.

Procurada pela equipe do blog, a assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados informou que não há essa previsão.

“Não é possível isentar a multa pelo atraso na devolução do apartamento funcional por benfeitoria realizada no imóvel”, diz a nota.

Como adiantou o colunista Lauro Jardim, os advogados de Zambelli conseguiram firmar um entendimento junto à Quarta Secretaria, comandada por Sergio Souza (MDB-PR), para que o apartamento seja entregue no “prazo máximo” de dez dias.

A defesa da parlamentar alega que ela só tomou conhecimento sobre o prazo de devolução em função do licenciamento do mandato após a publicação de uma reportagem do blog no último dia 4 e que, no período, ela não havia sido notificada nem mesmo através de seus procuradores e advogados.

Com isso, Rita e João Zambelli terão de se mudar do apartamento. Eles já viviam com a deputada antes dela deixar o Brasil no fim de maio, mas permaneceram no imóvel após a fuga para o exterior e, conforme publicamos no blog, ainda ocupavam o apartamento até pelo menos a última segunda-feira (7).

Caso as regras da Câmara sejam cumpridas à risca, a deputada pode já ter acumulado até esta sexta-feira mais de R$ 6 mil em multas e indenizações que, em tese, devem ser impostas pela Casa durante sua fuga.

Zambelli completou na semana passada um mês foragida da Justiça após anunciar em uma entrevista que deixou o Brasil para escapar da iminente execução da pena de prisão sentenciada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A parlamentar segue na mira da Interpol e da Polícia Federal (PF). Sua última localização conhecida pelas autoridades é a região metropolitana de Roma, na Itália.

A deputada fugiu depois de ser condenada pelo Supremo a dez anos de prisão e à perda do mandato por envolvimento na invasão dos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), junto com o hacker Walter Delgatti. Com a condenação, ela ficou inelegível por oito anos.

Devolução de apartamento
As regras da Câmara dos Deputados preveem que os imóveis devem ser entregues 30 dias a partir do licenciamento por motivos particulares, o que no caso da parlamentar do PL foi protocolado no dia 5 de junho, conforme a própria Casa confirmou à equipe do blog na semana passada.“O prazo para a desocupação de imóvel funcional é de 30 dias a partir da data da licença para tratar de interesse particular, o que ocorreu a partir do dia 5 de junho. Antes dessa data, a deputada Carla Zambelli estava de licença para tratamento de saúde. Portanto, o imóvel deverá ser desocupado até o dia 4 de julho”, informou a nota da Câmara na ocasião.

Na última segunda (7), a assessoria da instituição reiterou que “o valor da indenização será calculado com base no auxílio-moradia e cobrado proporcionalmente aos dias de ocupação”

Nós estivemos no prédio onde vivia a parlamentar em duas ocasiões: na primeira, no último dia 3, o filho da deputada atendeu o interfone sem se identificar como seu parente. João Zambelli informou apenas que a mãe da parlamentar vivia no local, mas se recusou a dar entrevista e a esclarecer se o imóvel seria desocupado no prazo correto. Na segunda visita, no dia 7, ninguém retornou o contato da equipe do blog, mas confirmamos junto a fontes que ele e a avó ainda residiam na unidade.

O apartamento funcional de Zambelli fica em um edifício de seis andares na 311 Asa Sul, bairro nobre de Brasília – o ministro Alexandre de Moraes, que determinou a sua prisão, morava até recentemente em uma quadra vizinha, na 312 Sul, a apenas 900 metros dali.

Apenas deputados vivem no prédio em amplas unidades que têm área de aproximadamente 250 metros quadrados.

A Câmara dispõe de 432 apartamentos em Brasília, além de outros 15 imóveis classificados como reserva técnica. Quando as unidades foram construídas, nos anos 70, a Casa tinha 420 parlamentares – mas atualmente tem 513, número que saltará para 531 a partir de 2027. Por esse motivo, há um gargalo que provoca uma fila de espera preenchida a partir de diferentes critérios técnicos. Quem não for contemplado tem direito ao auxílio moradia.

O site da instituição costuma disponibilizar a relação de parlamentares ocupantes de imóveis funcionais fora do prazo de desocupação. Mas a última atualização da página ocorreu no último dia 4, motivo pelo qual Zambelli ainda não figura na lista.

Fuga
Como mostramos no blog, a deputada completou na última quinta-feira (3) um mês foragida da Justiça após anunciar em uma entrevista que deixou o Brasil para escapar da iminente execução da pena de prisão sentenciada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A parlamentar segue na mira da Interpol e da Polícia Federal, que tentam rastrear seu paradeiro na Itália.

A deputada fugiu depois de ser condenada pelo Supremo a dez anos de prisão e à perda do mandato por envolvimento na invasão dos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), junto com o hacker Walter Delgatti. Com a condenação, ela ficou inelegível por oito anos.

Oficialmente licenciada do mandato, Zambelli deixou o Brasil em 25 de maio pela fronteira do país com a Argentina em Foz do Iguaçu (PR), onde não há controle migratório. Em Buenos Aires, a parlamentar então embarcou para os Estados Unidos, de onde anunciou a fuga no dia 3 de junho.

No dia seguinte, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva da deputada, a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), pela fuga do Brasil.

Em solo americano, Zambelli antecipou que viajaria para a Itália por acumular a cidadania do país europeu, onde julgou que estaria “intocável” diante da caçada das autoridades policiais. Mas a inclusão de seu nome na lista do alerta de difusão vermelha da Interpol abriu caminho para uma eventual prisão, mesmo com o passaporte italiano. (Com Malu Gaspar/O Globo)

Últimas em Política
VER TODAS AS NOTÍCIAS
Conjuntura - o 1º Site Político de MS
O 1º site político de Mato Grosso do Sul
Conjuntura Online - Copyright © 2004-2025. Todos os direitos reservados.