A crise política ganhou novos contornos nesta terça-feira (5), quando parlamentares da oposição acusaram o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desde a campanha eleitoral de 2022.
O estopim foi a decisão que impôs prisão domiciliar ao ex-mandatário, medida que, segundo aliados, extrapola os limites da Justiça e gera desconforto até mesmo entre outros ministros do STF, que não concordariam com a extensão das restrições.
Em protesto, deputados oposicionistas ocuparam a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados e obstruíram a pauta do plenário, usando esparadrapo na boca como ato simbólico contra o que chamam de censura e autoritarismo.
Para a oposição, Moraes impõe uma verdadeira ditadura do Brasil com apoio do governo do presidente Lula (PT), deixando o claro do jogo de interesse da esquerda no país.
O movimento busca pressionar os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), a pautarem a anistia aos presos dos atos de 8 de janeiro, incluindo Bolsonaro, e o impeachment de Moraes.
Diante do impasse, Motta encerrou a sessão e convocou uma reunião de líderes para esta quarta-feira (6), afirmando que o diálogo será o caminho para definir os próximos passos do Parlamento. Já Alcolumbre classificou a ocupação como “exercício arbitrário”, mas também anunciou que chamará os líderes partidários para discutir a pauta do Senado.
Na decisão que gerou o protesto, Moraes afirmou que Bolsonaro teria desrespeitado determinações judiciais, agindo de forma “deliberada e consciente” para obstruir investigações e coagir autoridades.
Entre as restrições, está o veto a qualquer comunicação externa, inclusive com embaixadores, além da proibição de visitas — exceto de familiares próximos e advogados. A oposição, porém, vê o ato como mais um capítulo da perseguição política ao ex-presidente e promete ampliar a mobilização.