O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), acusou o Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos) de integrar uma organização criminosa responsável por fraudes bilionárias.
A declaração ocorreu nesta quinta-feira (9), durante o depoimento do presidente da entidade, Milton Baptista de Souza Filho.
Segundo Gaspar, o Sindnapi foi a terceira instituição que mais recebeu no esquema de fraudes envolvendo empréstimos consignados.
A partir de 2020, beneficiários do INSS eram filiados automaticamente ao sindicato ao solicitar crédito em lojas conveniadas, sem autorização prévia. “Eles montaram uma organização criminosa em circuito fechado, com o dinheiro voltando para o sindicato. O senhor devia estar preso”, afirmou o relator.
Baptista permaneceu em silêncio após operação da Polícia Federal (PF) cumprir 66 mandados de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira, incluindo na sede do sindicato e em sua residência, no âmbito da Operação Sem Desconto. A investigação apura falsificação de autorizações de idosos para desconto automático de mensalidades, causando prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
O relator afirmou ainda que esposas e familiares de ex-dirigentes do Sindnapi eram sócios de empresas intermediárias do esquema, que movimentaram cerca de R$ 10 milhões. Segundo ele, contratos com corretoras e seguradoras impulsionaram os descontos irregulares de R$ 20 milhões anuais para até R$ 150 milhões.
Irmão do presidente Lula
Gaspar quer ouvir o vice-presidente do Sindnapi, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O deputado sustenta que a parceria firmada entre Sindnapi e INSS em 2023 descumpriu a Lei 13.019/14, que veda acordos quando há parentes de altas autoridades em cargos de direção.
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), anunciou que colocará em votação na próxima quinta-feira (16) o requerimento para convocar Frei Chico. “Diante do silêncio e da gravidade das denúncias, é urgente que ele esclareça sua participação nas decisões do sindicato”, afirmou Viana.