A polêmica em torno da gestão da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul) ganhou novos contornos na sessão plenária desta terça-feira (30), na Alems (Assembleia Legislativa).
O deputado João Henrique (PL) defendeu a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar supostas irregularidades e pediu mais transparência e alternância na direção da entidade, responsável pelo plano de saúde de milhares de servidores públicos estaduais.
“A Cassems não é do Estado, não é privada, mas recebe repasses públicos e descontos diretos na folha de pagamento dos servidores. É necessário abrir essa caixa-preta e aplicar os princípios da administração pública, da moralidade, da eficiência e da justiça”, cobrou o parlamentar.
Segundo João Henrique, há relatos de atrasos nos pagamentos a prestadores de serviços, incluindo uma notificação extrajudicial de anestesiologistas por falta de repasse. Ele também citou casos de médicos descredenciados e servidores migrando para outros planos diante da insatisfação. “Não há prejuízo nem inadimplência. O que falta é alternância e fiscalização”, afirmou, ao propor mudanças na governança da instituição.
Para o parlamentar, a Cassems opera com características híbridas, sem se enquadrar totalmente como pública ou privada, o que reforça a necessidade de regras mais claras de controle e gestão. “Assim como ocorre no Tribunal de Justiça e na Assembleia Legislativa, deve haver alternância de comando. A permanência prolongada de um mesmo grupo no poder gera distorções e fere o princípio da isonomia”, pontuou.
João Henrique ressaltou que o debate não é contra a existência do plano, mas pela melhoria dos serviços e pela transparência. “Reconhecemos a importância da Cassems, mas é preciso garantir que o dinheiro do servidor seja administrado com lisura e responsabilidade”, disse.
Deputados relatam boas experiências
Apesar das críticas, outros parlamentares defenderam a Cassems, destacando a qualidade do atendimento hospitalar. O deputado Pedro Kemp (PT) relatou experiência pessoal: “Minha irmã precisou de uma cirurgia emergencial e foi operada no mesmo dia. O atendimento e a qualidade do hospital foram de excelência”.
O presidente da Alems, Gerson Claro (PP), também saiu em defesa da instituição. Ele lembrou a internação da mãe, de 80 anos, que passou 45 dias na UTI e se recuperou completamente. “A nossa família rende homenagens ao trabalho e dedicação dos profissionais da Cassems”, afirmou.
O deputado Neno Razuk (PL), recentemente internado na unidade, elogiou o atendimento: “Fui tratado com profissionalismo e respeito. O serviço é exemplar, superior a outros lugares no Brasil”.
O vice-líder do Governo, Pedrossian Neto (PSD), citou pesquisa de satisfação que aponta mais de 80% de aprovação entre os beneficiários e 90,9% de aprovação nas unidades hospitalares. Segundo o levantamento, 75% dos usuários não trocariam de plano.
Apesar dos números positivos, as críticas do deputado João Henrique reacendem o debate sobre a governança da Cassems, especialmente em um contexto em que recursos públicos e descontos em folha sustentam parte significativa da operação.
A fala do parlamentar abre espaço para um novo capítulo na relação entre o Legislativo e a Cassems, com pressão por auditorias, alternância de poder e controle social. A proposta de criação de uma CPI deve testar a disposição da Casa em enfrentar uma instituição historicamente respeitada, mas agora colocada sob o crivo da transparência e do controle público.